29 junho 2009

Buena York

Acabei de ler este interessante livro com a história do Gonçalo Gil Mata em viagem entre Buenos Aires e Nova York. 40.000km em 7 meses atravessando todo o continente americano. Adoro a literatura de viagem: fica-se com formigueiro nos pés, mesmo para quem nunca conduziu uma moto...

O livro fala em detalhe de todo o percurso com muito boas dicas para quem algum dia queira fazer uma viagem parecida ou passar por alguma parte do percurso.

O que mais gostei contudo foi uma passagem em que ele fala do facto que as coisas belas, a partir do momento em que são vividas diariamente e fazem parte da nossa rotina, deixam de nos chamar a atenção.

É muito normal seguir na estrada acompanhado por enormes pássaros. Vejo tantos que, infelizmente, já me habituei. Nos primeiros tempos, era bem capaz de parar a mota e disparar maravilhado. Agora sinceramente já os vou ignorando. Não há como combater esta desvalorização do quotidiano. O momento da apreensão de uma novidade é inigualável e esse prazer é intrinseco ao facto de nos obrigar a trabalhar as estruturas de percepção, a adaptá-las a essa nova combinação de estímulos. Arrisco dizer que tenho desperdiçado alguns momentos e reconheço que há pouco a fazer sobre isso, como pouco podia eu fazer quando a caminho do emprego me sentia incapaz de saborear os inúmeros pormenores bons da rotina que levava, cheia de ex-novidades que em tempos me encantaram.
Quando do outro lado do planeta uma águia esvoaça à minha frente e não me emociono, concluo que na raiz da felicidade vive a mudança e que dificilmente servirá para sempre uma qualquer fórmula absoluta.

26 junho 2009

King of Pop

"Michael Jackson ha muerto". Estava meio dormido e foi assim que soube através da Ana que o Rei da Pop, o homem com as peúgas brancas mais famosas do mundo, do moonwalk, do rancho Neverland, do casamento com a filha do Elvis Presley, das operações de pele, dos Jackson 5 e de tantas outras coisas já não estava vivo.
Estava a pensar que video poria aqui e acho que Thriller é mesmo o melhor. Um clássico, o album mais vendido de sempre (e que agora vai vender ainda mais) e um dos meus primeiros discos de vinil. Tinha eu 5 anos quando foi lançado e provavelmente ofereceram-me o vinil com uns 10 anos. Agora espero ansiosamente ir a Azeitão para o voltar a pôr a tocar no gira-discos.
Provavelmente não voltará a existir um artista como ele.

25 junho 2009

A energia israelita

Estava hoje a assistir aos kms de fila que todos os dias se fazem nos acessos a Madrid (e os transportes aqui até funcionam bem!) e lembrei-me desta notícia que tinha ouvido há umas semanas: uma empresa israelita encontrou uma maneira de produzir algo positivo dessa catástrofe dos tempos modernos que é o tráfego, energia a partir da pressão dos veículos no piso.

“Nós podemos produzir electricidade em qualquer lugar onde haja uma estrada agitada usando energia que normalmente é desperdiçada”, explicou à agência britânica Reuters Uri Amit, presidente da Innowattech. Com uma equipa de 12 pessoas e o investimento privado de 3 milhões de dólares, a empresa pretende instalar geradores por baixo das estradas capazes de armazenar energia a partir do movimento e peso por meio do processo de “piezeletricidade”. Assim, quanto mais congestionado o trânsito estiver, melhor.

Ligada ao Instituto de Tecnologia Technion de Israel, a Innowattech deve implantar o projecto a partir de 2010 nas principais cidades do mundo, começando pelas israelitas e norte-americanas. A empresa trabalha actualmente num programa piloto para instalar os geradores em shoppings e no metro de Nova York, por exemplo, para captar a energia do movimento de pedestres.

O professor Haim Abramovich, fundador da organização, explica que uma avenida com menos de 1,6km, quatro faixas e por onde cerca de mil veículos circulam por hora pode criar aproximadamente 0.4 megawatts de potência, o suficiente para alimentar 600 casas.

O mais engraçado de tudo foi que vi esta notícia em espanhol na Antena 3 mas dada pelo repórter em Israel Henrique Cymerman, exactamente o mesmo que da SIC mas com a diferença que falava em espanhol.

Luis Franco Bastos



Deambulando em algum site que já não me lembro dei de caras com este artista.
Vale a pena ver este video!

24 junho 2009

La fiesta del Chivo

Ler em espanhol leva-me um bocado mais de tempo. É natural porque não é a nossa lingua e as palavras não fluem tão bem.
Felizmente, o que tenho lido tem sido sempre muito bom por isso apesar de mais lento avanço sempre com um prazer tremendo. Claro que o tenho de agradecer à Ana, que me ofereceu este livro do Mario Vargas Llosa, escritor que conhecia mas que nunca tinho lido.

Este é um romance passado na República Dominicana no final da ditadura de Trujillo, misturando diferentes fases temporais e diferentes histórias. Está construído de uma maneira muito inteligente, com a doçura do Caribe e com a frieza das ditaduras. Gostei a sério deste livro e recomendo-o vivamente.

O que mais pena me deu foi ter ido duas vezes à República Dominicana, com a viagem de finalistas da Universidade e com o prémio que ganhei nos chocolates Mars :), e nunca ter lido isto a fundo, nunca ter sabido a história do país, nunca me ter interessado mais sobre as pessoas. Aprendida a lição.

23 junho 2009

Piscina da Complutense

Hoje de manhã estive na piscina da Universidade Complutense. É agora a minha nova actividade bi-semanal, às terças e às quintas de manhã.
Está mais ou menos a 25 minutos a pé ou mais rápido se for de bicicleta e a entrada custa 4,80€. É uma piscina só para universitários (e eu pago a taxa máxima porque sou de uma Universidade fora de Madrid - o meu MBA é da Universidad de Salamanca).

O bom é que como vou de manhã não tem muita gente e como é uma piscina das de 50 metros faço uma sessão matinal de natação que me relembra os bons anos que passei a dar braçadas na SFUAP. Depois de fazer a primeira série de 500 metros, toalha e leitura, voltar à água, mais toalha e leitura para secar e regresso a casa para o almoço.

Não me esqueço em nenhum momento o quão melhor é a nossa Costa da Caparica mas quando a praia mais perto está a 400km esta é mesmo a melhor opção possível.

22 junho 2009

50:36

Continuo sem baixar claramente os 50 minutos numa prova de 10km...
Ontem foi a "Carrera de Madrid: Norte vs. Sur", com um percurso claramente para fazer um bom tempo porque mais de 50% era a descer mas como practicamente não corria nada desde a maratona ressenti-me de um arranque demasiado rápido e ali na parte final molenguei.

A ideia da corrida é engraçada porque nas inscrições tinhas de tomar parte do Norte ou Sul de Madrid e depois a t-shirt que davam era verde ou laranja para diferenciar os corredores (eu decidi não levar nenhuma e ir com a minha adidas do Gebreselassie...).

E aqui fica a homenagem ao Nico que se estreou no mundo da corrida com uns honrosos 58 minutos!

20 junho 2009

O novo Vasco Lourinho

Bem, chegou o momento de me declarar como culpado. Toda a gente goza com o meu novo português. Eu próprio vivo triste com esta realidade de ter passado a falar como o Paulo Bento. É mais forte do que eu. É uma língua que de tão parecida me baralha muito e fico perdido entre duas maneiras de dizer as coisas (e invariavelmente digo a errada).

Tenho o Maco a comentar os meus posts e a dizer que estou "fatal", a Elisa a dizer que agora falo assim meio a cantar e agora chegou-me um mail da minha irmã a queixar-se.

Vou transcrever esse mail. Tinha o título "Estou horrorizada":

Meu,
acabei de sair do teu blogue, ao qual acedi hoje pela segunda vez. Estive a ler todos os posts de Maio e... estou horrorizada com a espanholada em que se está a transformar a tua escrita! Há vários exemplos que não deixam margem para dúvidas de que o Futre comparado contigo era um purista da língua portuguesa, mas o pior de todos, o que verdadeiramente me arrepiou os pêlos das costas, o que me fez chegar para a frente para ter a certeza de que não estava a ler mal foi quando falas de Cuenca e de um filme ou de um livro e dizes que "te gostou". Tive de obrigar a mão direita a escrever isto empurrando-a com a esquerda.



PS: Já agora, se quiserem saber onde anda o Vasco Lourinho podem ver a sua história em http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_Lourinho

18 junho 2009

Singelringen - o anel dos solteiros

Faltam poucos dias para casar-me. Muito pouco mesmo. Não estou nada nervoso e isso parece admirar as pessoas que me perguntam como estou.
Sempre me pareceu que a pressão está do lado dos solteiros ("e não tens namorada?") mas quando decides dar o grande passo e assumir um compromisso que é para a vida a pressão volta-se contra ti.

Comigo não. Se decidi dar este passo é mesmo porque não tenho dúvida nenhuma e cada dia estou mais seguro do que vou fazer. Nada de pressão, nervos e indecisões.

Isto vem a propósito de uma coisa que li recentemente sobre a invenção de um anel para solteiros (o tal Singelringen) que pretende "libertar" os solteiros do triste facto de não poderem ter um anel de compromisso. Toda a gente pode ter um anel!

A filosofia da empresa é interessante:
We believe that Single people should enjoy their Singlehood. Today too many people are feeling stressed about finding “a partner”, rather than to wait for the true love. Our philosophy is about feeling good about being Single and to take the opportunity to live a free and satisfying life. By feeling good about yourself makes you become more attractive, and increases the chance to find your love. Our motto is: “You have to love yourself before you can love someone else”

Tá bem, há um bocado de floreado aqui e se calhar quem compra este anel o que quer é mostrar a todos que está solteiro e disponível, mas enfim, fiquemo-nos com a essência da coisa: o importante é sentir-mo-nos bem com as decisões que tomamos, seja estar solteiro, acabar uma relação ou casar.

E se o que fizermos é o que sentimos cá dentro nunca existirão pressões.

17 junho 2009

Juan José Millás

Juan José Millás é um escritor famoso em Espanha e um dos preferidos da Ana. Para além disso escreve uma coluna na revista de Domingo do El País que é sempre lida aqui em casa.

Estávamos nós a passear na Feira do Livro de Madrid e estava ele a dar autógrafos numa das tendas das editoras. A Ana decidiu oferecer-me um livro dele (escolhemos o último de contos) e lá fizémos a pequena fila para a assinatura.

"Gosto muito do que escreve. Ele é português e é o primeiro livro que vai ler seu". Eu sorrio, passo-lhe o livro para assinar e digo-lhe para o dedicar à Ana e ao Tiago.

Para ana y Tiago con un fuerte abrazo y mis mejores deseos de futuro, Juanjo Millás

A Ana desilude-se. Queria mais, queria uma dedicatória mais literária, mais de acordo com o que lhe tinha contado de nós. "Para que é que eu fui dizer que era o teu primeiro livro dele, que sou fã, que és português?". Humpf.

Não é fácil ter fâs e estar sempre à altura do que eles esperam de nós. Muito menos quando estamos em sessão de autógrafos...

16 junho 2009

Antonio de Felipe

A compra das bicicletas veio aumentar a nossa qualidade de vida. Vamos onde queremos mais rápido, é agradável ir vendo a cidade assim e dá aquela sensação de veraneantes em férias...

E este Domingo à tarde decidimos ir até ao Retiro para andar um bocadinho, para ver a feira do Livro e, por sugestão da Ana, ver a exposição de António de Felipe. Muito bom! Não só cumpri o meu objectivo de ver uma exposição por semana, como fiquei a conhecer este pintor Pop espanhol, creativo publicitário que começou a dedicar-se a este estilo de pintura e é agora muito reconhecido.

A técnica parece simples, os quadros parecem poder ser feitos por qualquer um, mas depois mais perto tem-se a noção da cor, do traço e sobretudo da ideia subjacente a cada um dos retratos e vê-se que há aqui muito trabalho e muita arte.

A exposição era dedicada ao desporto e está englobada no projecto Madrid 2016.

Para mais informações:
http://www.antoniodefelipe.es/

06 junho 2009

Gostar ou não gostar dos espanhóis

A Ana queixa-se que eu tenho um ódio visceral aos espanhóis. Que gosto de dizer mal, de os criticar, de olhar para todas as suas características mais irritantes.
Eu explico-lhe que não é nada com nenhum espanhol em particular mas com o povo. Que é algo enraizado na cultura portuguesa que vem desde sempre, desde que o Afonso Henriques guerreou com a mãe, desde que a padeira de Aljubarrota arrumou com 7 espanhóis, desde que temos a malfadada dinastia filipina a ocupar o nosso país durante 80 anos, desde Olivença (que é nossa obviamente!!) e desde que ultimamente todas as empresas espanholas decidem começar a sua expansão internacional por Portugal.

Ora estava a ler o meu resumo matinal das notícais e deparo-me com o título do DN "Portugal entrega vigilância da costa a Espanha". AAAARGH!!

Vou ler e descubro que afinal o que se passa é que vai ser uma empresa espanhola a ganhar um concurso sobre o sistema de vigilância da Costa Portuguesa. Concurso esse no qual participou também uma empresa açoreana e uma francesa.
Não comento o facto de me parecer haver alguma irregularidade dos espanhóis (porque são de facto uns espertalhões), nem de ter a certeza que se isto fosse um concurso em Espanha nem valia a pena uma empresa estrangeira candidatar-se (porque o proteccionismo aqui é lei), o que é interessante observar é que a própria comunicação social instiga este rancor aos espanhóis, transformando uma notícia de um concurso público, numa espécie de invasão espanhola.

E isto é assim, a todos os níveis, económico ou social. É uma maneira de ser nossa que não vai mudar nunca, porque apesar de estarmos ao lado e sermos todos europeus, nós seremos sempre os pequeninos que sofrem e vocês os grandes que oprimem.

Para ler a notícia na totalidade:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1254437

E não se esqueçam: Olivença é nossa!!
E já agora, reivindiquemos também a Galiza porque assim tínhamos a ZARA!!

05 junho 2009

ADSL: Amar Deus Sem Limites

Vocações


Este é o video que podemos ver ao entrar no site http://www.myspace.com/vocacoes, criado pela igreja católica portuguesa, sobretudo por um grupo de padres que acreditam na difusão da mensagem através da internet.

Escrevo este post em estado de admiração e prazer por ver que alguma coisa vai evoluindo na igreja católica. Eu, como católico, agradeço essa evolução.

Para ler todo o artigo que acabo de ler do jornal i:
http://www.ionline.pt/conteudo/7517-adsl-amar-deus-sem-limites-igreja-rende-se-s-redes-sociais

03 junho 2009

Qué calor!!

Estes dias estou a ter a previsão do que vai ser o meu Verão aqui. Vou destilar.

Os termómetros chegaram a passar os 30º com muita facilidade e em Sevilha já estavam 41º. Eu bebo água incessantemente e por qualquer movimento fico suado. É o que dá não ter uma casa com ar-condicionado.

Para além de todas as outras, esta é mais uma razão para querer começar a trabalhar. Ao menos nos escritórios não se sofre tanto...

01 junho 2009

Museu Sorolla

Já é um tema recorrente falar aqui do pintor espanhol Joaquin Sorolla, pintor que descobri recentemente e que passei a admirar muito.
Este Domingo de manhã fomos ao Museu Sorolla que fica numa zona relativamente mais calma um bocadinho a norte aqui do centro. Aproveitámos para estrear em grande passeio a nova bicicleta da Ana, uma das desdobráveis também.

O museu é daqueles pequenos, mas com um encanto particular. Para começar o museu era a própria casa do pintor no início do século e mantém muitos dos seus objectos pessoais. Para além disso é um palacete enorme e relaxado no centro da cidade, com um jardim ao estilo pátio andaluz com um charme maravilhoso. E depois as obras abarcam toda a carreira do pintor com uma explicação dos seus períodos acompanhado de fotos e outros documentos do espólio familiar.

Agora com a mega-exposição de Sorolla no Museu do Prado, o seu nome foi projectado para o mediatismo, e nota-se na quantidade de gente que estava ontem por lá...


Esta obra é uma das que está no museu. Um auto-retrato.