28 dezembro 2014

As águas

Eram cinco da manhã. "Tiago, acho que me rebentaram as águas."
Há 9 meses e 3 dias tinha começado o que vai acabar hoje. Eu estava assim meio dormido e quase não queria dar importancia ao acontecimento. Devia ser a minha cabeça a dizer-me que se não ligasse não era nada e podia continuar a dormir.
Estava morto de sono, ainda estou um bocado, porque acordámos às duas com o Guilherme a querer meter-se na nossa cama (porque a cama dele "pesava muito" - temos pendente descobrir o que é que ele queria dizer com isso...) e depois às quatro quando peguei nele dormido e fui pô-lo à sua cama. "Papá, ficas a dormir aqui no sofá ao meu lado?"
Lá adormeci no sofá como sempre e quinze minutos depois acordei para ir para a nossa cama.

Resumindo, estava a dormir bem quando lhe rebentam as águas e cinco minutos depois já estava com as calças de ganga vestidas e a lavar os dentes.

Demorei mais a vestir-me do que o habitual. Não era momento para grandes detalhes mas pelo menos que o teu filho te veja pela primeira vez com uma roupa fixe. Nada de fatos de treino.

Fui avisar a minha mãe que íamos para o hospital. Dormiam os dois como pedras. O meu pai ressonava como um tractor e pensei que seria impossivel dormir ao lado dele mas a verdade é que a minha mãe que parece que está sempre acordada estava também ferrada.
Acordaram os dois em euforia. O meu pai com o sinal de dedo polegar para cima com as duas mãos "Boa! Dia 28 de Dezembro!!" e a minha mãe a ir falar com a Ana.

O melhor da saída de casa foi a minha irmã que acordou porque tive que ir buscar uma bomba de ar ao quarto onde estavam. Disse-lhe que íamos para o Hospital e veio com a Alice a despedir-se mas depois sentiu-se mal. Troca de papéis: senta-se no sofá, "ai que mal que eu estou! Até me sentou a sentir mal". "Vão andando que tou-me a sentir mal"...

E fomos.