
O livro fala em detalhe de todo o percurso com muito boas dicas para quem algum dia queira fazer uma viagem parecida ou passar por alguma parte do percurso.
O que mais gostei contudo foi uma passagem em que ele fala do facto que as coisas belas, a partir do momento em que são vividas diariamente e fazem parte da nossa rotina, deixam de nos chamar a atenção.
É muito normal seguir na estrada acompanhado por enormes pássaros. Vejo tantos que, infelizmente, já me habituei. Nos primeiros tempos, era bem capaz de parar a mota e disparar maravilhado. Agora sinceramente já os vou ignorando. Não há como combater esta desvalorização do quotidiano. O momento da apreensão de uma novidade é inigualável e esse prazer é intrinseco ao facto de nos obrigar a trabalhar as estruturas de percepção, a adaptá-las a essa nova combinação de estímulos. Arrisco dizer que tenho desperdiçado alguns momentos e reconheço que há pouco a fazer sobre isso, como pouco podia eu fazer quando a caminho do emprego me sentia incapaz de saborear os inúmeros pormenores bons da rotina que levava, cheia de ex-novidades que em tempos me encantaram.
Quando do outro lado do planeta uma águia esvoaça à minha frente e não me emociono, concluo que na raiz da felicidade vive a mudança e que dificilmente servirá para sempre uma qualquer fórmula absoluta.