30 junho 2010

O melhor artigo sobre o jogo de ontem

Escrito por um espanhol (Santiago Segurola) e que acabo de ler no Diário de Notícias.

SANTIAGO SEGUROLA: Ganhou a versão Barça

Num jogo clássico de ataque e contra-ataque, Espanha encontrou a solução na classe das acções que definem o seu jogo. Melhor dito, na classe de jogadas que define o Barça. À volta da área, numa selva de defesas portugueses, juntaram-se Iniesta, Xavi e Villa, que já pertence ao Barça. Porquê? Por golos como este. Só eles são capazes de ligar passes tão curtos, tão rápidos e tão difíceis. Para o resto das equipas, essa situação seria ingovernável. A Espanha não se sente cómoda se não estiver nessa posição. É essa a sua grande particularidade.

O golo foi magnífico, mas deixa dúvidas. É possível que Villa esteja em fora de jogo. Desde o golo anulado a Lampard ao validado a Tévez, a FIFA entrou num processo de autodefesa quase paranóico. Não quer ver os golos duvidosos repetidos na televisão. Nos ecrãs do bonito Estádio de Green Point não foi repetida a jogada. Nos monitores só se viu uma fugaz imagem que não clarificou a forma como o golo foi marcado. É uma péssima notícia que a FIFA queira pôr trancas ao jogo.
A vitória de Espanha resume-se facilmente. Portugal precisou de uma extraordinária actuação de Eduardo para se manter em jogo. Já a Espanha esteve para sair do jogo em dois erros de Casillas. Esta diferença explica o que sucedeu neste decepcionante jogo dos portugueses. Quase nunca funcionou, mas a substituição de Almeida por Danny foi demolidora.
Del Bosque respondeu a essa substituição com o movimento perfeito. Retirou Torres, muito longe do seu pleno, e entrou Fernando Llorente, o poderoso avançado do Atlético. A Espanha encontrou uma referência no ataque e os centrais portugueses começaram a sofrer frente a um jogador que engana: parece tosco, mas tem mais recursos técnicos dos que aparenta.
A Espanha ganhou o jogo nos detalhes. Portugal não teve uma estratégia clara, o que ficou mais evidente por causa de outra medíocre actuação de Cristiano Ronaldo. Nem ele se sente confortável na selecção nem a selecção se sente confortável com Ronaldo. Um grande problema.

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